Dino Camargo, a primeira ascensão ao Beding Go Peak e a preparação com o Crossfit

Dino Camargo, a primeira ascensão ao Beding Go Peak e a preparação com o Crossfit

Dino Camargo é publicitário, executivo de profissão e apaixonado por esportes extremos e desafios que envolvam planejamento, dedicação e superação. Já escalou o Aconcágua – (a mais alta do Hemisfério Sul), o Denali ou McKinley no Alaska  (a mais alta da América do Norte), o Kilimanjaro na Tanzânia (mais alta do Continente Africano),  o monte Elbrus na Rússia (a mais alta da Europa), O Mont Blanc (a mais alta dos Alpes), o Illimany, o Wayna Potosi e o Cerro Plata nos Andes e  o Ama Dablam no Nepal. Nos últimos dias, realizou o incrível desafio de realizar a primeira ascensão no Beding go Peak, no Himalaia, uma montanha nunca antes escalada. Foram quatro dias de trekking de Kathmandu até o Campo Base do  Beding Go na fase de aproximação e pré-aclimatação.

A seguir, um período de sete a dez dias para os ciclos de aclimatação na montanha e ataque ao cume. Por fim mais quatro dias de trekking de retorno. Dino finalizou a escalada com sucesso, e cravou no cume do Beding uma bandeira do Brasil, uma conquista sensacional!

Ele bateu um papo com a gente sobre a sua trajetória no montanhismo, e sobre como o CrossFit ajudou em sua preparação!

Imagem utilizada em um dos posts de blog em CrossNews do site da Crossfit Barigui.

 

– Dino, como foi que você começou na atividade de montanhismo?

Desde pequeno fui apaixonado por montanha. Tive um pouco da influência do meu pai, que já frequentava as primeiras gerações de montanhistas…eu sempre li livros de alpinismo, dos Andes, Himalaia, achava tudo isso muito incrível. Com mais ou menos uns 17 anos eu comecei a escalar, com 23 anos, eu fiz a minha primeira montanha, o Aconcágua,que fica na divisa entre o Chile e Argentina.

Essa já é uma montanha já considerada bem alta (tem 6.969m de altura), é a montanha mais alta fora da Ásia. Na época, não existia nem internet, então a informação era bem mais escassa…mesmo assim fizemos uma boa subida! Eu acabei chegando a uns 500m do cume em altitude vertical. Depois disso, fiquei alguns anos parado em função de vida executiva…um esporte como esse exige muita preparação e foco, e muitas vezes a correria do dia a dia não nos permite. Mas se você não estiver 100% de cabeça nisso, é melhor nem tentar! Então, com 45 anos, passei por uma preparação forte, que durou cerca de 8 meses, e voltei mesma montanha. Dessa vez, fiz até com certa tranquilidade se comparado a primeira vez! Fiquei muito feliz com meu desempenho, e isso me motivou a começar de novo no esporte.

Imagem utilizada em um dos posts de blog em CrossNews do site da Crossfit Barigui.

– Quais são os teus principais objetivos?

Existe o Desafio dos 7 Cumes, que consiste em escalar a montanha mais alta de cada continente.É o sonho de qualquer montanhista! Essa montanha que fiz agora, a mais ou menos 40km do Everest, então elas são vizinhas. Faz parte do Himalaia, da mesma cadeia de montanhas. Uma curiosidade interessante é que é fronteira entre o Nepal e o Tibet, então se você colocar um pé para a cada lado pode ficar entre um e outro. É uma montanha que ela fazia parte das Forbidden Montains – das montanhas proibidas. No Nepal a política e religião andam juntas, portanto existiam algumas regras que proíbem subir em determinadas montanhas. E essa foi liberada somente esse ano para a ascensão, então tem essa curiosidade: nunca ninguém pisou no cume dela ainda. Esse é o grande desafio!

Imagem utilizada em um dos posts de blog em CrossNews do site da Crossfit Barigui.

 

– E como é a sua preparação par um desafio tão grande como esse? De que forma o CrossFit contribuiu?

Eu to há 4 meses com uma preparação bem focada, e o que me ajudou muito nessa preparação foi o próprio CrossFit. Como não é possível treinar escalando sempre, os melhores exercícios para treinar são os aeróbicos, e exercícios de força para complementar. E o Crossfit engloba tudo isso, porque ele é muito funcional! Hoje temos uma nova literatura e metodologia sobre treinos, se você for olhar nos livros mais completos de treinamento profissional de montanhismo, eles indicam como base o CrossFit. Claro, você tem alguns exercícios específicos para a escalada…mas a base, o coração do treinamento é o CrossFit.

Imagem utilizada em um dos posts de blog em CrossNews do site da Crossfit Barigui.

 

Por serem extremamente funcionais e trabalharem muito o equilíbrio e a motivação, os exercícios do CrossFit são essenciais. Montanhismo é um esporte extremamente mental, psicológico, e o Crossfit trabalha bastante essa parte também. Quando você chega ao seu limite, tem que ter psicológico para dar um último gás, o tiro final, fazer um esforço extra. E isso já meio natural no Crossfit, na metodologia de treinos que a modalidade trás….e ainda é divertido! É uma competição com você mesmo, você vai sentindo uma melhora constante, te dá muito mais condicionamento, além apenas da estética. Escalada envolve muitas vezes mais do que caminhada, envolve escalada em corda, em rocha…e fazer tudo isso em altitude, com oxigênio, frio, vento, condições extremas, é bem mais complicado. Temos sempre saber o nosso limite, nos conhecer, não pode significar a tua própria segurança. É preciso respeitar a natureza.


Sobre a montanha Beding Go Peak:   Em um dos sete vales escondidos do Himalaia, na fronteira entre o Tibet e o Nepal, ergue-se o Beding Go Peak (6.125m) ou Mountain of God, como é conhecido pela comunidade local. Suas coordenadas geográficas são 27° 55’ 33” N , 86° 23’ 35” E . Em baixas altitudes a temperatura pode variar entre +30° C até – 10° C. Em altitude elevada a temperatura pode variar entre  15° C até – 30° C. O vento é o maior fator de resfriamento e pode ser muito variável, com condições absolutamente calmas até atingir a força de um furacão na altitude do cume.

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