A ‘deficiência’ do Eric lhe acompanha desde os 14 meses de idade, quando por uma má formação , teve uma das pernas amputadas. Apesar disso, a disposição e naturalidade do jovem paratleta em falar sobre o que poderia ser visto como um trauma por alguns, serve de motivação para qualquer um. “Nasci assim e Deus tem um propósito pra mim por isso. Nunca vi isso como uma limitação”, comenta. “Já andei à cavalo, de skate, faço tudo, nunca fiquei parado. Tem gente que com duas pernas, não faz a metade do que eu faço com uma” .

1-    Eric, fale um pouco da tua trajetória como paratleta que vem inspirando tanta gente aqui no box.

Comecei a nadar de 2011 pra 2012, com o sonho de um dia poder representar meu país. Tudo aconteceu muito rápido, na minha primeira competição, que foi um campeonato brasileiro, fui campeão na minha primeira prova, e recebendo a convocação para compor a seleção brasileira paralímpica de natação Jr.

No ano seguinte 2013, fui campeão mundial Jr  na Holanda e campeão para-panamericano Jr em Buenos Aires. Com tudo ainda acontecendo muito rápido em 2014 fui vice-campeão sul-americano em Santiago no Chile terminando o ano entre os três melhores do Brasil nas principais provas.

2-    Como os treinos de CrossFit tem ajudado na sua preparação para as competições?

Os treinos de CrossFit tem me ajudado muito, venho percebendo uma melhora gigantesca no meu desempenho cardiorrespiratório, desde que comecei a praticar o CrossFit consegui melhorar meu resultados nas competições.

3-    Conta pra gente como é treinar com uma perna mecânica? (prótese) Como são teus treinos? Rola muita adaptação? Como foi a receptividade do pessoal da box?

Fazer CrossFit sendo paratleta é bem desafiador pois sempre quero fazer exatamente as mesmas coisas que meu companheiros de treino fazem, o ganho de rendimento é notório pois venho cada dia mais melhorando, ganhando muita evolução nos treinos e nas competições.
Eu adapto alguns exercícios, como agachamento e alguns exercícios com barra e peso.
Eu acabo usando uma caixa de box jump, pra descer e subir. Nos agachamentos eu sento na caixa também.

Quando eu cheguei no box, a receptividade foi ótima, principalmente porque a coach Carol Leinig já conhecia meu técnico, e alguns dos paratletas que treinam com ele, e já conhecia o ritmo e a forma como ele nos trata nos treinos, sem focar nas deficiências e estimulando a superação.
A coach  me ajudou a adaptar alguns treinos, e substituir alguns movimentos e isso me permite ir até meu limite e terminar os treinos igual todo mundo.
Em alguns exercícios que não precisa de tanto apoio de perna, eu opto por tirar a prótese, pois me sinto mais rápido e ágil
No remo, por exemplo, eu consigo remar com a prótese e sem ela. Eu prefiro remar sem, pois consigo uma amplitude melhor na execução do exercício. Pra falar a verdade, não tem nada nos treinos de CrossFit que eu não consiga fazer…

( #crossfitinclusivo)

4-    Qual é a tua motivação principal no esporte? O que te inspira a treinar?

Minha maior motivação no esporte são todos os atletas paralímpicos e atletas olímpicos que treinam todos os dias parar representar nosso país, mesmo sem receber o devido valor.  São todos dias colocados à prova, e provam que para alcançarmos nossos objetivos só dependemos de nós mesmos. Minha motivação na vida são meus pais, que independente de todas as dificuldade estão sempre pensando em dar do bom e do melhor pra mim e meus irmãos,. O que me inspira a treinar é a vontade de colocar uma medalha paralímpica no meu pescoço e subir ao pódio ouvindo nosso hino, e vendo a nossa bandeira subir no lugar mais alto.

Fotos por Guto Tarasiuk